Esta secção pretende dar-te alguma informação mais profunda sobre a droga. Nós temos vários tipos de relações com drogas. Alguns de nós experimentaram algumas. Outros, só drogas leves... mas atenção:
Aconselhamos vivamente o não consumo de drogas.
O que pretendemos é dar um maior conhecimento sobre as principais drogas. Descrevê-las, dizer como se consomem, de onde vêm e avisar as pessoas das consequências físicas e psicológicas que o seu consumo implica ou pode implicar.
Não te queremos "obrigar" a fazer isto ou aquilo, essa decisão é só tua, no entanto queremos dar-te alguma informação e ajudar-te a pensar com outro conhecimento sobre estas questões. A ideia é fornecer-te mais elementos para tomares as tuas decisões.
Aqui vão algumas máximas sobre consumo de drogas
Drogas custam dinheiro!
O dinheiro não é mais importante do que arriscarmos as nossas vidas, saúde e liberdade. No entanto, a maioria das drogas são caras e por isso implica que desistamos de outros prazeres da vida. Pode querer dizer que já não podemos comprar o último disco dos Massive Attack ou aquela T'shirt que vimos numa loja, etc...
Afectam o relacionamento familiar
A família sofre sempre com o facto de alguém estar envolvido com drogas. Há sempre uma dose adicional de preocupação e tristeza por se ver alguém próximo a destruir-se.
Afectam-nos pessoalmente
Normalmente a dependência da droga leva-nos a dizer mentiras aos nossos pais e amigos para conseguirmos manter secretamente o seu uso. Podemos ter que roubar dinheiro para as comprar, o que não pode deixar de nos afectar.
Acabamos sozinhos
É um facto que a maioria das pessoas não se droga e prefere não se dar com pessoas que se drogam.
Uma vez a toxicodependência instalada, aqui vão 7 “ferramentas” para ajudar a combatê-la:
Identificar e utilizar valores tais como a saúde, o(a) companheiro(a) ou família, a aparência, a relação com Deus, a inteligência, a posição na comunidade, o auto-respeito, a sua profissão ou os amigos.
Motivação. A melhor resposta que se pode dar à pergunta: “Quando é que as pessoas mudam?” ainda é: quando quiserem! O que se pode fazer então é activar o desejo de saída, contrariando a filosofia de algum modo instalada no nosso país de que as drogas vieram para ficar e que não há outra solução senão adaptarmo-nos a elas, fazendo ver ainda que ao contrário do que alguns apregoam, a toxicodependência não é uma doença crónica, recorrente e fatalmente progressiva e que há saída para ela.
Recompensas. Pesar os custos e os benefícios da toxicodependência. As pessoas desistem da droga quando começam a ter mais recompensas por viverem sem ela do que com ela.
Recursos. Identificar forças e fraquezas, avaliando as reservas que se tem e as que estão faltando para depois as ir buscar!
Procurar apoio entre as pessoas mais próximas, a começar pela família.
Procurar amadurecer a identidade pela procura do auto-respeito e de uma vida de novo responsável.
Procurar alcançar objectivos mais altos, perseguindo e atingindo coisas de valor como, por exemplo, coisas que beneficiem outras pessoas e contribuam para o bem-estar da comunidade. Habitualmente quando alguém deixa de ser egoísta e se foca nas outras pessoas, acaba por desistir do seu comportamento autodestrutivo.
Como na origem dos problemas de infância que poderão conduzir à droga a atitude dos pais, ou de quem exerça esse papel, é de primordial importância, há 13 atitudes básicas que deveriam ser tomadas em linha de conta (1).
Os pais deveriam dar às crianças um sentimento de segurança.
A criança foi feita para sentir que é amada e desejada.
O medo e o castigo devem ser evitados tanto quanto possível.
Deveria ser dada à criança a possibilidade de aprender a ser independente e responsável.
Os pais deverão aparentar calma e ser tolerantes, não se mostrando chocados, quando as crianças derem evidência de instintos “selvagens” próprios da sua condição humana.
Os pais deveriam ser tão firmes e consistentes quanto possível, de forma a evitar, na criança, a confusão e o aparecimento de atitudes contraditórias.
É pouco prudente fazer com que uma criança se sinta inferior.
É imprudente forçar uma criança para além das suas capacidades.
Os sentimentos e os desejos da criança deveriam ser respeitados, mesmo se não estiverem exactamente de acordo com os desejos dos pais. Á criança deveria ser permitida a satisfação dos seus desejos, dentro, claro está, dos limites do razoável.
Todas as perguntas que as crianças façam devem ter uma resposta franca e honesta, que não ultrapasse a sua capacidade de compreensão.
Os pais deveriam mostrar apreciação e interesse em relação às coisas que os seus filhos estejam a fazer, mesmo que pelos padrões deles, elas não sejam interessantes ou importantes.
Mesmo que as crianças tenham dificuldades ou problemas, elas deverão sempre ser tratadas, tanto quanto possível, como se fossem normais e saudáveis.
É preferível educar os filhos com o objectivo do crescimento, desenvolvimento e do melhoramento, do que com o objectivo da perfeição.
(1) Maurice Levine
Se os pais criarem a ilusão de que saberão pôr em prática todos estes ensinamentos, ficarão inevitavelmente desiludidos por terem criado esse ideal impossível de perfeição. Não é isso que se pretende.
O que se passa é que, muito frequentemente, as atitudes assumidas pelos adultos são desfavoráveis ao saudável e feliz desenvolvimento da criança, tendo como resultado toda uma variedade de situações que se poderão desenvolver depois, como a utilização das drogas, como refúgio (virtual) para o seu mal-estar.
Na perspectiva da Elsa (nome fictício), ex-toxicodependente, os pais deverão:
Não aceitar a “benignidade“ das drogas “leves”, ajudando-os a compreender que as mesmas são frequentemente causadoras da “ingressão” nas drogas “pesadas”.
Não passar a ser polícias – o uso das drogas não se resolve com tensão e ansiedade.
Não se envergonharem por terem um filho “drogado”. Devem falar com ele, pedir ajuda a pais na mesma situação e/ou a especialistas.
Procurar ajudar o filho em vez de lhe atirar à cara as asneiras que anda a fazer, tomando consciência que tão cedo as asneiras não vão acabar.
Aceitar que, ainda que inconscientemente, são eles pais que sustentam o vício dos seus filhos, facilitando-lhes a vida.
Não acusar, mesmo que seja esse o impulso que sentem, num momento de raiva e desespero.
Dar um acompanhamento mais activo, paralelamente ao apoio prestado pelos técnicos.
Quando alguém se interroga dos porquês da entrada na toxicodependência, surgem, inevitavelmente, por esta ordem ou outra: a busca do prazer imediato, a pressão por parte dos outros, a curiosidade, a acessibilidade, a vontade de se sentir mais velho(a) e/ ou confiante, a revolta, a dificuldade de enfrentar a pressão, de conseguir lidar com maus tratos ou abusos ou uma forma de melhorar a imagem.
Não nos esqueçamos que estamos a tratar, na maioria larga das vezes, de uma franja particular da população – a juventude – que está habituada a receber mais informação do que aquela que pode descodificar e que é habitualmente confrontada com mais opções do que aquelas que pode tomar, numa idade em que é mais apetecível agir que reflectir.
Pode dizer-se que, de um modo geral, os jovens experimentam drogas porque o seu sistema de valores interno não está suficientemente desenvolvido para resistir às pressões externas.
Uma vez deixados enredar, só conseguirão delas libertar-se quando conseguirem assumir responsabilidades perante si e os outros, quando forem capazes de tomar decisões, e tiverem arcaboiço para suportar depois as consequências, e quando conseguirem reconhecer obrigações nos valores (habitualmente adormecidos durante a fase dos consumos) que sustentam, quer eles estejam relacionados com os seus filhos, pais, amigos, empregados, colegas, vizinhos, ou com o país em que vivem.
Acresce que a sociedade de consumo em que se (nos) integram está aliada a diversas questões, como forte individualismo (egoísmo), competitividade, busca incessante do cómodo e confortável, falta de solidariedade e de comunicação, ansiedade e stress, factores estes que vão provocar, depois, insegurança e instabilidade psicológica.
Além disto, podemos apontar a existência de problemas sociais como desemprego, pobreza, exclusão, racismo, degradação patrimonial, falta de condições de ensino e insucesso escolar e profissional, os quais, juntamente com a indiferença religiosa e a inexistência de crença na transcendência humana, podem ser conducentes ao uso de substâncias psicoactivas.
Deste modo o recurso à droga pode ser visto como a forma de o Homem combater um sentimento individual e colectivo de angústia e insegurança.